quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ser inteira, ser você, ser metade. Ser sei lá.

“Você não vai comigo?” Ele sussurrou, com muito custo. “Não. A gente acabou de brigar, pode ir sozinho.” Estava rezando pra que eu tivesse falado baixo demais e ele não pudesse ouvir. Besteira. Ele ouviu, e saiu sozinho. Provavelmente encontraria os amigos babacas, que iriam dizer “ei cara, você não precisa dela. Nós somos homens, machos.” Porque esse era o tipo de cara que o Stubb era. Certamente, seus amigos não eram diferentes. No fundo, o problema nem era os conselhos idiotas dos amigos dele. Era ele aceitar aquilo. Era ele ouvir que realmente não precisava de mim pra nada. Quando eu precisava dele pra tudo. Ou quase-tudo. Mas pra alguma coisa na minha vida, eu precisava dele. E precisava muito. Ele insistia em brigar comigo em sextas feiras, e eu bem sabia o porque. Ele conseguia se divertir, rir de piadas idiotas, olhar pra uma garota e soltar aqueles suspiros pesados. Eu mal conseguia olhar pra tv, não suportava ouvir piadas e só suspirava pelo brad pitt. Ele sempre foi muito metade. Metade dele era minha, e metade dele era do mundo. Eu sempre fui muito inteira. Metade minha era dele, e a outra metade também. Isso sempre o assustou, essa coisa de ser inteira. Enquanto ele era metade de uma fração, eu era o resultado. Enquanto ele planejava algo, eu já tinha feito. Porque eu só fui metade, quando ele me transformou em cacos. E ele sempre foi montadinho de cacos. De um resto Stubb. E isso, de um jeito bizarro, sempre me fez bem. Não bem exatamente bem. Mas nunca incomodou. O que sempre incomoda é o teu sussurro perguntando se eu quero ficar, se eu quero ir. O que incomoda é você nunca saber o que eu quero, quando eu sei exatamente tudo que você precisa. O que incomoda é você provavelmente estar ouvindo teus amigos idiotas, enquanto eu simplesmente nem sei o que fazer. Ponto pra você. Porque eu sou metade quando se trata disso. Metade de mim quer desistir, e a outra insistir. Mas eu espero mesmo, Stubb, que eu não fique inteira nesse assunto. Porque a metade que ganharia, seria a de desistir. E mesmo que depois disso eu virasse metade, você nunca seria inteiro. Porque eu sei juntar os seus cacos, você não. E eu não precisaria de cacos pra juntar, porque eu nunca fui feita deles.”

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